com Iliana Fox, Adria
Collado, Raui Mendez
Direção: Rigoberto Castaneda
Imaginem que a Globofilmes resolveu fazer um longa de horror
e para isso contratou um diretor de TV da própria Rede Globo. O tema: Uma
mescla das lendas urbanas da “Noiva da Estrada” com a da “Mulher da estrada que
pede ajuda”, com um orçamento similar ao chatíssimo “Nosso Lar”. Logo nas
primeiras entrevistas o diretor se diz empolgado com o filme e que assistiu
muitos filmes de fantasmas japoneses para se inspirar na direção do longa. Você
vê algo bom saindo disso?
Pois é isso que senti ao assistir ao longa Mexicano “Km 31”
do diretor Rigoberto Castañeda.
Castañeda não é um desconhecido em filmes de terror, tendo
antes de Km 31 o curta Necrofilia (1997) então fica um pouco difícil compreender
porque em 2007 ele fez um longa tão convencional e clichê. A assombração da vez
é a clássica lenda de “A Chorona” que não é desconhecida dos brasileiros graças
às reprises constantes do seriado Chaves
onde eles assistem um filme de terror e logo depois a Chiquinha fica assustando
o pobre garoto com a história da Chorona. Se você viveu todos esses anos em
Marte e não tem idéia do que estou falando, confira aqui aos 9:44:
Infelizmente, mesmo com um tema curioso e rico e um
orçamento invejável para fazer um filme de horror de cair o queixo, parece que
o diretor preferiu não correr nenhum risco tentando inovar ou acrescentar nada
de interessante ao cinema de horror mexicano. O filme consegue emprestar tudo
de mais entediante dos filmes de horror para adolescentes e todos os clichês
possíveis dos filmes de fantasmas asiáticos que já estamos plenamente cansados
de ver na telona, mesmo tendo uma boa história, momentos excelentes e ser cheio
de potencial. O filme simplesmente não decola.
O filme fala sobre irmãs gêmeas, mesmo que elas só apareçam mais
ou menos juntas em cena apenas uma vez. Elas tem um elo psíquico poderoso então
quando uma delas, Ágata, é atropelada no Km31 que dá nome ao filme ao tentar
salvar um menino que teria supostamente atropelado, Catalina sente o ocorrido e
corre ao encontro da irmã na tentativa de salvá-la, mas é tarde demais. Ágata
está à beira da morte e o menino, desaparecido.
Pelo resto do filme, Ágata está hospitalizada, em coma, mas
o namorado dela acompanha o caso e disse ter recebido um telefonema de Ágata
avisando que atropelara um garoto. Daí segue-se a busca pelo tal menino o que
segue naquele velho mistério investigativo de filmes de fantasmas com muitos
sustos fáceis criados pela trilha sonora que cresce em momentos de tensão ou
naqueles momentos onde a trilha cessa, criando um silêncio desconfortável antes do famoso “TCHAN!”. Tudo muito chato e
previsível.
A investigação se passa em grande parte no tal Km 31 onde
Ágata sofreu o acidente, começando pela procura do menino misterioso e logo seu
namorado, Omar, é alertado por um policial que cesse a procura, que não meta o
nariz onde não é chamado, ou seja, aquilo tudo que já vimos milhares de vezes em
filmes de terror. Logo adiante este mesmo policial revela que é obcecado pelo
tal garoto e que o mesmo está envolvido em acidentes e suicídios no tal Km 31
por décadas sem fim. Logo em cenas paralelas o policial entrega de bandeja
parte do mistério sobre o tal Km 31 enquanto a irmã de Ágata, Catalina, e seu
namorado encontram uma senhora idosa que “já os esperava” e lhes conta a lenda
da Chorona, que teria sido uma bela mulher que se suicidou afogando-se com seu
filho, mas como perdeu-o dos braços passa a eternidade chorando sua perda e buscando a criança que jamais
encontrará. Infelizmente esta lenda do
folclore é tão diluído e simplificado no filme que a Chorona acaba virando
apenas mais um monstro/fantasma de filmes americanos misturados ao melodrama
barato, típico de novelas mexicanas. (Acabei lembrando que a lenda da Chorona é
um pouco similar com a história da fantasma proterora de Mama). É um pouco
triste, pois passa a impressão que o diretor preferiu um caminho muito
convencional ou que o mesmo perdeu controle sobre o filme e não sabia bem como
enfiar o folclore nacional no mesmo.
No tocante às atuações, elas variam do bom ao razoável, com
destaque para a atriz principal que vive as gêmeas Ágata/Catalina que também é
conhecida por seus trabalhos em telenovelas. O conflito entre os namorados das
duas, Omar e Nuno, parece estar meio fora de lugar e em certos momentos parece
ser forçado demais, mesmo que a sensação de desconforto que ambos sentem na
presença um do outro tenha certa justificativa, afinal com a namorada de Omar
em coma e a namorada de Nuno, idêntica, andando sã e salva e dormindo na casa
de Omar para estar perto da irmã, as coisas só poderiam resultar em tensão, mas
a impressão que o filme passa é que esta aversão que sentem um pelo outro é
infantil e injustificada frente ao drama que enfrentam.
No geral, Km31 é um filme muito bem feito e o orçamento
grande realmente ajudou na produção o que ao mesmo tempo é algo que tira todo o
tesão desta produção que apenas copia elementos do horror americano e asiático
e suas receitas, num filme de cinematografia belíssima, CGI aceitável e
monotonia quase que constante. O final então, eu saquei logo nos primeiros 10
minutos do filme. Pode ser um filme que impressione aqueles que não estão
habituados com o horror, pois possui alguns sustos, um pouquinho de gore,
tensão, etc, mas para os fãs vacinados de filmes de terror é apenas mais uma das mais recentes decepções
constantes com o gênero.
Não chega a ser uma bomba completa, mas posso compará-lo a
uma batata quente, portando, evitem se decepcionar.
Trailer:
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