terça-feira, 28 de maio de 2013

Kilómetro 31 (2007)

com  Iliana Fox, Adria Collado, Raui Mendez

Direção: Rigoberto Castaneda

Imaginem que a Globofilmes resolveu fazer um longa de horror e para isso contratou um diretor de TV da própria Rede Globo. O tema: Uma mescla das lendas urbanas da “Noiva da Estrada” com a da “Mulher da estrada que pede ajuda”, com um orçamento similar ao chatíssimo “Nosso Lar”. Logo nas primeiras entrevistas o diretor se diz empolgado com o filme e que assistiu muitos filmes de fantasmas japoneses para se inspirar na direção do longa. Você vê algo bom saindo disso?

Pois é isso que senti ao assistir ao longa Mexicano “Km 31” do diretor Rigoberto Castañeda.

Castañeda não é um desconhecido em filmes de terror, tendo antes de Km 31 o curta Necrofilia (1997) então fica um pouco difícil compreender porque em 2007 ele fez um longa tão convencional e clichê. A assombração da vez é a clássica lenda de “A Chorona” que não é desconhecida dos brasileiros graças às reprises constantes do seriado  Chaves onde eles assistem um filme de terror e logo depois a Chiquinha fica assustando o pobre garoto com a história da Chorona. Se você viveu todos esses anos em Marte e não tem idéia do que estou falando, confira aqui aos 9:44:

Infelizmente, mesmo com um tema curioso e rico e um orçamento invejável para fazer um filme de horror de cair o queixo, parece que o diretor preferiu não correr nenhum risco tentando inovar ou acrescentar nada de interessante ao cinema de horror mexicano. O filme consegue emprestar tudo de mais entediante dos filmes de horror para adolescentes e todos os clichês possíveis dos filmes de fantasmas asiáticos que já estamos plenamente cansados de ver na telona, mesmo tendo uma boa história, momentos excelentes e ser cheio de potencial. O filme simplesmente não decola.

O filme fala sobre irmãs gêmeas, mesmo que elas só apareçam mais ou menos juntas em cena apenas uma vez. Elas tem um elo psíquico poderoso então quando uma delas, Ágata, é atropelada no Km31 que dá nome ao filme ao tentar salvar um menino que teria supostamente atropelado, Catalina sente o ocorrido e corre ao encontro da irmã na tentativa de salvá-la, mas é tarde demais. Ágata está à beira da morte e o menino, desaparecido.

Pelo resto do filme, Ágata está hospitalizada, em coma, mas o namorado dela acompanha o caso e disse ter recebido um telefonema de Ágata avisando que atropelara um garoto. Daí segue-se a busca pelo tal menino o que segue naquele velho mistério investigativo de filmes de fantasmas com muitos sustos fáceis criados pela trilha sonora que cresce em momentos de tensão ou naqueles momentos onde a trilha cessa, criando um silêncio desconfortável  antes do famoso “TCHAN!”. Tudo muito chato e previsível.

A investigação se passa em grande parte no tal Km 31 onde Ágata sofreu o acidente, começando pela procura do menino misterioso e logo seu namorado, Omar, é alertado por um policial que cesse a procura, que não meta o nariz onde não é chamado, ou seja, aquilo tudo que já vimos milhares de vezes em filmes de terror. Logo adiante este mesmo policial revela que é obcecado pelo tal garoto e que o mesmo está envolvido em acidentes e suicídios no tal Km 31 por décadas sem fim. Logo em cenas paralelas o policial entrega de bandeja parte do mistério sobre o tal Km 31 enquanto a irmã de Ágata, Catalina, e seu namorado encontram uma senhora idosa que “já os esperava” e lhes conta a lenda da Chorona, que teria sido uma bela mulher que se suicidou afogando-se com seu filho, mas como perdeu-o dos braços passa a eternidade chorando  sua perda e buscando a criança que jamais encontrará.  Infelizmente esta lenda do folclore é tão diluído e simplificado no filme que a Chorona acaba virando apenas mais um monstro/fantasma de filmes americanos misturados ao melodrama barato, típico de novelas mexicanas. (Acabei lembrando que a lenda da Chorona é um pouco similar com a história da fantasma proterora de Mama). É um pouco triste, pois passa a impressão que o diretor preferiu um caminho muito convencional ou que o mesmo perdeu controle sobre o filme e não sabia bem como enfiar o folclore nacional no mesmo.

No tocante às atuações, elas variam do bom ao razoável, com destaque para a atriz principal que vive as gêmeas Ágata/Catalina que também é conhecida por seus trabalhos em telenovelas. O conflito entre os namorados das duas, Omar e Nuno, parece estar meio fora de lugar e em certos momentos parece ser forçado demais, mesmo que a sensação de desconforto que ambos sentem na presença um do outro tenha certa justificativa, afinal com a namorada de Omar em coma e a namorada de Nuno, idêntica, andando sã e salva e dormindo na casa de Omar para estar perto da irmã, as coisas só poderiam resultar em tensão, mas a impressão que o filme passa é que esta aversão que sentem um pelo outro é infantil e injustificada frente ao drama que enfrentam.

No geral, Km31 é um filme muito bem feito e o orçamento grande realmente ajudou na produção o que ao mesmo tempo é algo que tira todo o tesão desta produção que apenas copia elementos do horror americano e asiático e suas receitas, num filme de cinematografia belíssima, CGI aceitável e monotonia quase que constante. O final então, eu saquei logo nos primeiros 10 minutos do filme. Pode ser um filme que impressione aqueles que não estão habituados com o horror, pois possui alguns sustos, um pouquinho de gore, tensão, etc, mas para os fãs vacinados de filmes de terror é  apenas mais uma das mais recentes decepções constantes com o gênero.

Não chega a ser uma bomba completa, mas posso compará-lo a uma batata quente, portando, evitem se decepcionar.



Trailer: 



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